sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Beijo e prisão de manifestantes da causa LGBT é nada mais do que um sinal do desequilíbrio do ser humano - por ambas as partes


Na semana passada, vimos diversas manifestações nas redes sociais sobre o beijo e a prisão de duas moças durante um culto de Marco Feliciano. Até hoje (27/09) eu não havia parado para ler ou assistir matérias e vídeos sobre o ocorrido. Tendo, finalmente, feito a lição de casa, registro aqui a minha opinião.

Os dois lados estão errados.

As duas garotas agiram com violência para com uma platéia de cristãos que se dirigiram ao local a fim de ouvir - supomos que, né - a palavra de Deus. Elas sabiam que seu ato seria agressivo, e ele foi não só pelo seu significado, mas também pela maneira como se realizou. O que se vê em vídeo não é um "selinho" ou um beijo amoroso. Para falar a verdade, eu nem sei como definir aquilo. Mesmo se fossem um homem e uma mulher, eu concordaria que o ato passou dos limites.

As jovens fizeram questão de estar em uma posição visível pelo público ao seu redor e pelo pastor. Fizeram questão de estar com o corpo a mostra em um culto religioso, e ainda se beijaram de maneira escandalosa.

Elas erraram. Erraram feio.

Marco Feliciano, igualmente culpado, fez um show. O preletor poderia simplesmente ter solicitado a algum de seus assessores que fosse até a polícia e retirasse as garotas, discretamente, do local. Sua atitude foi típica de um líder que sabe quando tem uma multidão pouco pensante nas palmas de suas mãos e receberá total apoio. Sua fala, "eu quero que essas garotas saiam daqui algemadas" foi tão violenta quanto o beijo. Foi intolerante e, acima de tudo, arrogante e desnecessária. Isso sim é o que eu chamo de espalhar o ódio - é só ver a reação eufórica do público.

As pessoas ao redor das garotas também não precisavam ter agido com violência. São duas GAROTAS, e isso é perceptível pelo fato de terem agido de maneira inconsequente.

Depois do ocorrido, as jovens foram ouvidas na delegacia. Os depoimentos foram dos mais sonsos que já ouvi. Disseram que foram injustiçadas, se sentiram impotentes, e essas coisas. O que elas esperavam? Que dessem abraços, tapinha nas costas e um "Deus te abençoe"? Em um culto do Marco Feliciano?

O "pastor" - tenho vergonha de me referir a ele dessa maneira -, durante uma entrevista, disse que não se pode brigar por seus direitos infringindo o do outro. OK. Falou o cara que não quer aprovar uma lei que permite a imediata aprovação do uso da pílula do dia seguinte para vítimas de estupro e sexo sem consentimento.

Depois de ter assistido os vídeos e tido algumas matérias, eu senti vergonha de ser um ser humano. Mais uma vez. O desequilíbrio apontado no título diz respeito tanto à atitude das garotas quanto à de Feliciano. Nem uma, nem a outra, eram necessárias.

O ocorrido em São Sebastião, onde o caso tratado acima aconteceu, revela uma falta de diálogo, esclarecimento e humanização entre pessoas com ideologias diferentes. Felicianos e manifestantes com a mentalidade das meninas que se beijaram no culto acreditam que os seus conceitos são mais importantes do que o do próximo e não se importam se sua maneira de protestar ofende ou machuca outros ao seu redor.

Porque eu não acredito e não apoio nenhuma das atitudes da fatídica noite de encerramento do evento religioso no litoral de São Paulo, não escrevi um texto em defesa do respeito aos cristãos ou à liberdade LGBT. Escrevi sobre respeito geral, estudo, diálogo, debate, esclarecimento e consenso.

Termino esse post com triste, um início de raiva, e vontade de colocar, também, a máscara de Rorschach.